Jair Bolsonaro foi preso. A notícia deste sábado (22) não é apenas um fato; é o desfecho provisório de uma longa trama que arrastou o país para a beira do precipício institucional. A Polícia Federal (PF) cumpriu o mandado de prisão preventiva, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF), revogando a prisão domiciliar que o ex-presidente cumpria desde 4 de agosto.
O movimento do Supremo Tribunal Federal (STF) tem ares de xeque-mate. O que pesou na decisão de Moraes não foi apenas o histórico de descumprimento de medidas cautelares, mas a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica e a convocação de uma vigília de apoio pelo senador Flávio Bolsonaro (PL) — um ato que, na leitura da Corte, poderia facilmente descambar para o tumulto ou, pior, facilitar uma tentativa de fuga do réu.
O fator político e o judiciário agindo em velocidade máxima
A prisão acontece em um momento de máxima tensão: o processo que culminou na condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses na ação penal do Núcleo 1 da trama golpista caminha a passos largos para a execução das penas. A negação dos últimos recursos pela Primeira Turma do STF, na semana passada, sinalizou que o tempo da chicana jurídica está se esgotando.
É aqui que a hipocrisia salta aos olhos: a defesa de Bolsonaro pedia, horas antes da prisão, a prisão domiciliar humanitária, alegando as “doenças permanentes” do ex-presidente. Ora, é evidente que todo cidadão tem direito à saúde, mas o Judiciário tem o dever de garantir que a lei seja cumprida por todos, sem privilégios.
Em um país onde milhões de presos enfrentam o sistema carcerário em condições desumanas, o argumento da “prisão humanitária” soa como um sarcasmo. A justiça, para ser justa, precisa ser igual para todos, do cidadão comum ao ex-presidente.
A voz da ordem e a lição cívica
A determinação de Alexandre de Moraes de realizar a audiência de custódia por videoconferência neste domingo (23), além de garantir o atendimento médico 24 horas, cumpre o rito legal com o rigor que a situação exige. No entanto, a verdadeira lição aqui é cívica.
A justiça, mesmo que tardia, está demonstrando que ninguém, nem mesmo um ex-chefe de Estado, está acima da lei. Os atos golpistas, as tentativas de subverter a ordem democrática e as manobras para evadir a justiça não serão tolerados.
Para o cidadão comum, o que resta é a esperança de que o sistema judicial continue a agir com a mesma firmeza e imparcialidade para combater a corrupção e a injustiça social que afetam o seu dia a dia. A prisão de um nome de peso como Bolsonaro serve, antes de tudo, como um lembrete: a democracia se defende com instituições fortes e leis que valem para todos.
Fica o questionamento: a justiça de dois pesos e duas medidas finalmente chegou ao fim? Esperamos que sim.

