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sábado, 6 dezembro 2025, 12:48:11
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Número de adeptos de religiões afro-brasileiras triplica em 10 anos

Publicado em:

Reporter: Paulo Andrade

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As religiões de matriz africana no Brasil, como umbanda e candomblé, registraram um crescimento expressivo na última década. Segundo o Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (6), o número de adeptos dessas tradições triplicou em relação ao levantamento anterior, passando de 0,3% para 1% da população — o equivalente a cerca de 1,85 milhão de pessoas.

Embora os católicos ainda representem a maioria religiosa no país (56,7%), o avanço das religiões afro-brasileiras é considerado histórico e reflete um movimento de valorização da identidade negra, fortalecimento da espiritualidade ancestral e enfrentamento ao racismo religioso.

Resistência e visibilidade

Para o babalaô Ivanir dos Santos, professor da UFRJ e interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, a mudança nos números tem origem, em parte, em um fator invisível nas pesquisas anteriores: muitos praticantes não se identificavam como adeptos das religiões afro.

Nos censos anteriores, havia quem se declarasse católico ou espírita, por influência cultural ou por medo do preconceito. Mas hoje há mais coragem de se assumir. Esse é um reflexo direto das lutas contra a intolerância e da valorização das tradições afro“, explicou Ivanir.

Ele ressalta, contudo, que a chamada “dupla pertença” ainda é comum: “Temos muitos afro-católicos. Congadas, cavalgadas e outros rituais da igreja têm raízes africanas. A espiritualidade negra está presente em muitas manifestações religiosas brasileiras.”

Crescimento entre os jovens

De 2010 para 2022, todas as faixas etárias apresentaram aumento proporcional entre os adeptos das religiões de matriz africana. O crescimento entre os jovens de 10 a 24 anos foi de 21,9% para 25,9%. Na faixa de 30 a 49 anos, o percentual subiu de 35% para 40%.

Para Ivanir, o avanço entre os mais jovens é resultado direto de anos de mobilização. “Hoje, vemos jovens que se identificam com a religião afro, frequentam terreiros e circulam com orgulho de seus trajes e símbolos. Isso é fruto de festivais, caminhadas e campanhas que resistiram à intolerância e ao silenciamento.”

Conscientização racial e afirmação cultural

A professora Christina Vital, socióloga da Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca que esse aumento no Censo 2022 é consequência de campanhas iniciadas há mais de 20 anos, que só agora mostram reflexos estatísticos.

Nos anos 2000, os adeptos de religiões afro eram 0,3% da população. Em 2010, esse número permaneceu. Só agora, em 2022, vemos o impacto real dessas ações. É um marco.

Vital também aponta uma relação direta entre autodeclaração racial e identidade religiosa. Embora entre católicos e evangélicos a maioria seja composta por pessoas negras — especialmente pardos —, nas religiões afro-brasileiras há predominância de brancos (42,7%) e pardos (26,3%). No entanto, entre os pretos autodeclarados, 2,3% seguem religiões de matriz africana.

Esses dados mostram uma consciência racial crescente e significativa nesse grupo religioso. A afirmação da identidade negra está intimamente ligada à adesão a essas religiões“, reforçou Vital.


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