Curta nossa página

economia

Trabalho por hora reacende debate sobre precarização e escala 6×1

Publicado

Foto/Imagem: © Tânia Rêgo
Fabíola Fonseca

Trabalho intermitente e precarização: debate reacende com proposta de mudanças na jornada no setor de comércio

Há uma semana, empresários do setor de supermercados reunidos em São Paulo disseram ter dificuldades para preencher 35 mil postos de trabalho no estado.

Segundo eles, os jovens buscam mais modernidade e flexibilidade. Como solução, sugerem a adoção do regime de trabalho por hora, também conhecido como contrato intermitente.

Representantes sindicais e pesquisadores da área do trabalho discordam da proposta. Alegam que a mudança representa maior precarização: há riscos de redução de salários e perda de direitos trabalhistas.

Realidade atual

Uma análise básica mostra que os salários médios oferecidos no setor muitas vezes não cobrem as despesas mensais de um trabalhador. Em geral, a remuneração líquida fica próxima ao valor do salário mínimo, enquanto custos fixos — como aluguel, alimentação e contas essenciais — já consomem praticamente toda a renda, sem contar despesas com transporte, saúde, comunicação e lazer.

Segundo a doutora em Psicologia Social do Trabalho e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Flávia Uchôa de Oliveira, muitos trabalhadores acabam endividados ou precisam complementar a renda usando o único dia de folga da escala 6×1 para realizar bicos. “É uma espiral de precarização”, avalia.

Ela também aponta impactos na saúde: “Pesquisas em andamento mostram que esses trabalhadores associam essas condições ao adoecimento físico e mental. Muitos utilizam ansiolíticos, antidepressivos e analgésicos para suportar a rotina”.

Trabalho por hora

O contrato intermitente foi incluído na CLT pela reforma trabalhista de 2017 e validado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2024. Nele, o trabalhador tem carteira assinada, mas sem jornada ou salário fixos. A remuneração é proporcional às horas convocadas pela empresa.

Direitos como férias, 13º salário e FGTS são calculados com base no tempo trabalhado. Todas as profissões podem adotar esse modelo, exceto aeronautas, que seguem legislação própria.

A doutora em Economia e pesquisadora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Alanna Santos de Oliveira, avalia que o modelo fragiliza o trabalhador. “Para ter uma renda razoável, ele teria que assumir múltiplos contratos, o que é difícil. Há baixa adesão no Brasil e, mesmo com o discurso da flexibilidade, é uma modalidade que gera imprevisibilidade de renda e vida”, afirma.

Ela destaca ainda que muitos trabalhadores não conseguem atingir o valor mínimo para contribuir ao INSS, o que compromete acesso a benefícios como seguro-desemprego e abono salarial.

Precarização

Embora regulamentado, o contrato intermitente é visto por pesquisadores como uma forma de precarização. Segundo Oliveira, isso se dá por conta da insegurança, instabilidade, baixos salários e limitações no acesso à seguridade social e à negociação coletiva.

Já a psicóloga Flávia Uchôa alerta para o uso de termos como “modernização” e “empreendedorismo” para justificar a desregulamentação trabalhista. “Muitos jovens são incentivados a seguir caminhos de empreendedorismo precário ou empregos ultra-flexíveis, sem estrutura, formação ou proteção social.”

Fim da escala 6×1

Entidades que representam os trabalhadores do comércio se opõem à adoção do trabalho por hora. A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) defende a redução da jornada semanal, sem corte de salários.

Acabar com a escala 6×1 traria mais qualidade de vida e poderia até aumentar a produtividade”, afirma Luiz Carlos Motta, presidente da CNTC.

Para Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro e diretor da CTB, o contrato intermitente deixa o trabalhador refém do empregador. “A juventude quer trabalhar com dignidade, estudar, ter tempo para a família e descanso. Não aguenta mais salários de fome e longas jornadas”, diz.

Ele ressalta que o argumento de prejuízo às empresas não se sustenta. “Em 2023, o setor de supermercados cresceu 6,5%, quase o dobro do PIB. Grandes redes continuam lucrando e expandindo. Falar em crise para justificar redução de direitos não corresponde à realidade”, conclui a economista Allana Oliveira.

cultura

Guns N’ Roses anuncia show em Brasília e mais quatro cidades no Brasil

Publicado

Por

Fonte em Foco
Foto/Imagem: Gary Miller

A banda de americana Guns N’ Roses anunciou show em Brasília e para mais quatro cidades no Brasil e que estão previstos para acontecerem em outubro deste ano.

As apresentações que acontecerão em Brasília, São Paulo, Florianópolis, Curitiba e Cuiabá, fazem parte da etapa de shows da turnê “Because What You Want and What You Get Are Two Completely Different Things”, que passa na América Latina entre outubro e novembro.

A informação foi compartilhada no site oficial da banda e em suas redes sociais. A primeira parada do grupo de rock no Brasil será em Florianópolis, na Arena Opus, seguindo para São Paulo (Allianz Parque), Curitiba (Pedreira Paulo Leminski), Cuiabá (Arena Pantanal) e finalizando com em Brasília (Arena BRB).

As vendas de ingressos para Brasília iniciarão em 10 de junho.

Para Brasília e São Paulo haverá pré-venda exclusiva para o fã-clube, com cadastro previamente realizado no site da banda, com duração de 24h, que começa no dia 9 de junho às 10h, no site da Eventim.

CONTINUAR LENDO

economia

Dólar fecha em queda e atinge menor valor desde outubro de 2024

Publicado

Por

Fonte em Foco
Foto/Imagem: Foto de Arquivo

Na contramão do mercado global, o real se valorizou nesta sexta-feira (6), puxado pela expectativa em torno do novo pacote fiscal do governo. O dólar comercial recuou pelo segundo dia consecutivo, fechando a R$ 5,57 — menor valor desde outubro de 2024. Já a bolsa de valores seguiu em baixa, encerrando a terceira queda seguida.

A moeda norte-americana teve variação ao longo do dia, chegando à máxima de R$ 5,61 por volta de 12h15, mas cedeu à tarde e atingiu a mínima de R$ 5,56 às 16h30. Com a queda de 0,28% nesta sexta, o dólar acumula baixa de 2,63% em junho e de 9,85% no ano.

Bolsa em baixa: Ibovespa no menor nível em um mês

O movimento positivo no câmbio não se repetiu na bolsa de valores. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 0,1%, fechando aos 136.102 pontos — o menor nível desde 7 de maio. Na semana, o índice acumulou recuo de 0,67%.

Entre os fatores internos que influenciaram o mercado está a expectativa pela divulgação de medidas fiscais que substituam a proposta de aumento do IOF. A possibilidade de alternativas menos onerosas ao setor produtivo animou o câmbio, favorecendo o real.

Juros e tensão política afetam ações

A possível alta de 0,25 ponto percentual na Selic, que pode ser anunciada pelo Banco Central nos dias 17 e 18 de junho, também impactou negativamente o mercado de ações. A expectativa de juros mais altos tende a afastar investidores da bolsa, favorecendo aplicações em renda fixa, consideradas mais seguras.

Influência externa: empregos nos EUA e reunião entre EUA e China

No cenário internacional, a divulgação de dados positivos sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos pressionou o dólar para cima pela manhã. No entanto, o anúncio de que representantes comerciais dos EUA e da China se reunirão na próxima segunda-feira (9), em Londres, trouxe alívio aos mercados e contribuiu para a queda da moeda americana no fim do dia.

CONTINUAR LENDO
PUBLICIDADE

Mais Lidas da Semana