Reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Brasil desde 2004, a viola de cocho é um instrumento único, símbolo da cultura do Pantanal. Esculpida em um único tronco de madeira, a viola é essencial em manifestações como o cururu e o siriri, danças e cantos que passam de geração em geração em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) registrou a confecção artesanal da viola de cocho como um saber a ser preservado. Cada instrumento é singular, moldado à mão por artesãos para se adaptar ao músico.
Mestre guardião da tradição
Um dos grandes nomes na preservação dessa arte é o mestre Alcides Ribeiro dos Santos, de Santo Antônio do Leverger (MT). Descendente de quatro gerações de violeiros, Alcides fundou o Museu da Viola de Cocho e, desde 2012, é reconhecido como Mestre da Cultura Popular de Mato Grosso.
Em seu ateliê, ele produz peças para músicos e para decoração. Para Alcides, a viola de cocho é uma adaptação da guitarra portuguesa, que se popularizou na região pela abundância de madeira. Ele define o som do instrumento como “maravilhoso”, um “som de veludo”, capaz de capturar a essência do Pantanal.
A ponte entre o Pantanal e o mundo
Outra figura importante para a difusão da viola de cocho é o mineiro Roberto Corrêa, violeiro, compositor e pesquisador radicado em Brasília. Ele foi um dos responsáveis por levar o instrumento para concertos e festivais, divulgando a cultura pantaneira dentro e fora do país.
Corrêa conheceu Alcides ainda na década de 1970, em suas pesquisas sobre a viola de cocho, e hoje toca um instrumento feito por um parceiro do pai de Alcides. Para ele, a melhor definição do som do instrumento foi dada pelo poeta Manoel de Barros, que o descreveu como “sons gotejantes”, um “som das águas”.
Roberto Corrêa, que já publicou livros de referência sobre a viola, lançou recentemente seu novo EP, “Solos de Unha e Carne”, disponível em todas as plataformas digitais.

