Comunidades rurais no semiárido nordestino estão passando por uma grande transformação graças ao projeto de pesquisa agroalimentar Paisagens Alimentares. Coordenado pela Embrapa e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a iniciativa visa valorizar a cultura local, o turismo sustentável e a agricultura familiar.
Uma das beneficiadas é Anatália Costa Neto, a Nat, de 41 anos, moradora da comunidade Terra Caída, em Indiaroba, Sergipe. Recentemente, Nat ganhou o prêmio Mulher de Negócio por uma de suas criações: um hambúrguer de aratu, um caranguejo típico da região. “O projeto me fez vender mais, saber como calcular o preço, que eu não tinha noção”, disse à Agência Brasil. A iniciativa da Embrapa ensinou a Nat e a outras 13 mulheres da Associação das Mulheres Empoderadas a agregar valor aos seus produtos e a desenvolver projetos de turismo, criando uma nova fonte de renda.
Liberdade e pertencimento
O impacto do projeto também é visível em outros lugares, como no assentamento Olho D’Água do Casado, em Palmeira dos Índios, Alagoas. A coordenadora Ana Paula Ferreira, de 38 anos, descreve a iniciativa como “transformadora”. O projeto tem fortalecido a economia e o senso de pertencimento, mostrando o potencial da agricultura familiar e do turismo rural.
A comunidade, que já se beneficia da paisagem dos Cânions do São Francisco, agora explora novas atividades. Para Ana Paula, um dos grandes avanços é o envolvimento dos jovens, que antes se afastavam do trabalho na roça. “Hoje com as universidades ao redor, os institutos e as oportunidades eles não precisam sair e nem sonhar ir tão longe”, afirmou.
As oficinas da Embrapa permitiram que as comunidades descobrissem como aproveitar a biodiversidade local, como a caatinga, para produzir alimentos e artesanato, gerando renda e promovendo a preservação ambiental. “A gente viu que pode aproveitar a caatinga o ano todo”, completou Ana Paula. O projeto já impactou mais de 500 participantes diretamente e cerca de 5 mil pessoas na região.

