A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, divulgada hoje (22) em São Paulo, revelou uma queda significativa no uso da internet por crianças e adolescentes (9 a 17 anos) no ambiente escolar. A proporção de usuários dessa faixa etária que acessa a rede nas escolas recuou de 51% no ano passado para 37% este ano.
O estudo é conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do NIC.br.
Luísa Adib, coordenadora da pesquisa TIC Kids, sugeriu que um dos fatores para a redução pode ser a lei que restringiu o uso de celulares nas escolas, implementada no início deste ano.
“A gente começou a coleta da pesquisa em março, quando a medida de restrição de celular nas escolas já tinha sido implementada. Então, a gente pode ver uma relação entre a restrição do celular e a queda do acesso à internet na escola”, salientou Adib.
Ela também mencionou que a queda pode ser influenciada pelo forte debate político sobre a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital.
Apesar da queda no ambiente escolar, o estudo aponta que o número total de crianças e adolescentes com acesso à internet se manteve estável: 92% da população de 9 a 17 anos é usuária de internet no Brasil, o que representa cerca de 24,6 milhões de pessoas acessando a rede nos últimos três meses.
Houve, porém, mudanças nas formas de uso, com uma queda no acesso à internet na escola e no uso de redes sociais para as faixas etárias mais novas, retomando um patamar similar ao pré-pandemia.
Dados do Uso:
- Principal Dispositivo de Acesso: Celular, citado por 96% dos entrevistados.
- Acesso em Casa: 84% dos usuários acessam a internet de casa, várias vezes ao dia.
- Atividades mais Comuns: Pesquisas escolares (81%), pesquisas sobre temas de interesse (70%), e leitura de notícias (48%).
O número de crianças e adolescentes na faixa etária que afirmam nunca ter acessado a internet cresceu, passando de 492.393 pessoas em 2024 para 710.343 pessoas em 2025.
O estudo revelou que quase metade (46%) das crianças e adolescentes acessam a internet para ver vídeos feitos por influenciadores digitais várias vezes ao dia.
Luísa Adib alertou que, embora o conteúdo nem sempre seja danoso, há uma proporção superior a 50% de conteúdos vinculados a consumo, divulgação de produtos e, potencialmente, jogos de apostas.
A coordenadora enfatizou a necessidade de mediação ativa dos pais, com diálogo e acompanhamento das práticas online dos filhos, como a estratégia mais eficiente de proteção. Ela também ressaltou a importância da mediação pelas próprias plataformas, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Digital.
A pesquisa ouviu 2.370 crianças e adolescentes, e 2.370 pais e responsáveis, entre março e setembro deste ano.

