O mundo volta a olhar para o Brasil a partir de 10 de novembro. Representantes de países se reúnem em Belém (PA) para a 30ª Conferência das Partes (COP30). O objetivo é claro: acelerar as ações climáticas globais. Neste ano, o evento retorna ao país que lançou a semente do debate, fechando um ciclo histórico iniciado há mais de três décadas.
A crise climática será debatida em meio a outros conflitos globais, incluindo a crise do multilateralismo. Contudo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou que a organização “nunca foi tão essencial”.
Foi nesse espírito multilateral que o primeiro tratado climático surgiu. Em 1992, a proposta de convenção foi apresentada no Rio de Janeiro. Isso ocorreu durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como Eco92.
A Força da Ciência
O alerta climático soava desde 1988, vindo da Organização Mundial de Meteorologia e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Todavia, a real compreensão das causas veio com a criação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).
O primeiro relatório do IPCC motivou a criação do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC). Consequentemente, o objetivo do INC era estabelecer metas para enfrentar o problema das emissões de gases de efeito estufa. Assim, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), lançada no Rio, deu início à história das COPs.
Após a adesão de 196 países, o tratado entrou em vigor, prevendo encontros anuais de avaliação. A primeira Conferência das Partes (COP1) ocorreu em Berlim, Alemanha, em 1995. Desde então, a Convenção evoluiu, incorporando novos compromissos e mecanismos financeiros. Instrumentos cruciais, como o Protocolo de Quioto, o Acordo de Paris e o Balanço Global, moldaram o formato e as responsabilidades do tratado.
O Rastro das COPs
Confira os locais e os principais acordos resultantes de cada Conferência das Partes:
- 1ª – Berlim, Alemanha (1995) – Mandato de Berlim
- 2ª – Genebra, Suíça (1996)
- 3ª – Quioto, Japão (1997) – Protocolo de Quioto
- 4ª – Buenos Aires, Argentina (1998)
- 5ª – Bonn, Alemanha (1999)
- 6ª – Haia, Holanda (2000) – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
- 7ª – Marraquexe, Marrocos (2001) – Acordos de Marraquexe
- 8ª – Deli, Índia (2002)
- 9ª – Milão, Itália (2003) – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
- 10ª – Buenos Aires, Argentina (2004) – Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa
- 11ª – Montreal, Canadá (2005)
- 12ª – Nairóbi, Quênia (2006)
- 13ª – Bali, Indonésia (2007)
- 14ª – Posnânia, Polônia (2008)
- 15ª – Copenhague, Dinamarca (2009) – Acordo de Copenhague
- 16ª – Cancún, México (2010)
- 17ª – Durban, África do Sul (2011) – Fundo Verde para o Clima
- 18ª – Doha, Catar (2012) – Convenção de Doha
- 19ª – Varsóvia, Polônia (2013)
- 20ª – Lima, Peru (2014)
- 21ª – Paris, França (2015) – Acordo Paris
- 22ª – Marraquexe, Marrocos (2016)
- 23ª – Bonn, Alemanha (2017) – Powering Past Coal Alliance e Plano de Ação de Gênero
- 24ª – Katowice, Polônia (2018)
- 25ª – Madri, Espanha (2019)
- 26ª – Glasgow, Escócia (2021) – Livro de Regras do Acordo Paris e Mercado de Carbono (Artigo 6)
- 27ª – Sharm El Sheikh, Egito (2022)
- 28ª – Dubai, Emirados Árabes (2023) – Balanço Global
- 29ª – Baku, Azerbaijão (2024)
- 30ª – Belém, Brasil (2025)

