O Governo do Distrito Federal (GDF) ampliou o alcance do programa Adote uma Praça, iniciativa coordenada pela Secretaria de Projetos Especiais (Sepe-DF) para estimular o senso de pertencimento da população e fortalecer a cooperação entre cidadãos, empresas e poder público na manutenção de áreas públicas. Criado em 2019, o programa já reúne mais de 160 termos de cooperação assinados e soma mais de R$ 50 milhões em investimentos privados. Hoje, mantém 80 parcerias ativas com validade de até 48 meses.
Adoção vai muito além das praças
Apesar do nome, o programa contempla diferentes tipos de espaços urbanos, como jardins, balões rodoviários, estacionamentos, parques infantis, pontos turísticos e PECs. Para o secretário de Projetos Especiais, Marcos Teixeira, a iniciativa ajuda a complementar o trabalho do governo em áreas onde a atuação direta é mais difícil. Segundo ele, o projeto fortalece a qualidade de vida e estimula a participação do cidadão na construção de uma cidade “mais bonita e bem cuidada”.
Como participar
O interesse pela adoção começa nas administrações regionais, onde o candidato apresenta a proposta e detalha o que pretende realizar no espaço. O pedido também pode ser feito pelo site da Sepe-DF, que disponibiliza o Manual do Adotante, com orientações sobre projetos, vegetação recomendada e etapas de aprovação.
Após o protocolo, a proposta passa por avaliação técnica, que varia conforme o tipo de intervenção. A manutenção simples fica por conta do adotante. Já ações que envolvem obras, construções ou plantio exigem análise específica, que pode incluir a Novacap ou a Seduh-DF.
Cooperação público-privada gera melhorias visíveis
Teixeira afirma que o GDF tem ampliado reformas e revitalizações em praças e calçadas, reforçando a união entre governo e iniciativa privada. Ele cita o programa como exemplo de parceria que qualifica áreas urbanas e fortalece o vínculo da comunidade com seus espaços.
Um marco inicial foi o primeiro termo de cooperação, em 2019, firmado com o Hospital Brasília e a administração do Lago Sul. A adoção permitiu ampliar o estacionamento público, criando 272 novas vagas para atender moradores e usuários da região.
Transformação comunitária no Gama
A Praça dos Pioneiros, no Setor Oeste do Gama, é um exemplo de impacto do programa. O líder comunitário Antônio Formiga, de 87 anos, cuida da área há mais de duas décadas. Para ele, o espaço representa convivência, qualidade de vida e preservação ambiental. Ele conta que retirou, com ajuda da comunidade e da administração regional, cerca de 50 caminhões de entulho antes de iniciar a revitalização, que hoje inclui jardins, calçadas e áreas de convivência.
Formiga vê o programa como uma oportunidade de dar continuidade ao trabalho iniciado nos anos 1990, agora de forma regulamentada. Ele reforça que a participação da população é essencial: “O governo faz a parte dele, mas a comunidade também precisa participar.”
Espaços revitalizados reforçam o convívio
Morador do Gama desde o nascimento, o advogado Juan Richelli, 34, acredita que a praça representa o ideal da cidade planejada. Para ele, o espaço se tornou um ponto de encontro, com ambiente acolhedor, atividades culturais e áreas verdes bem cuidadas. Segundo Richelli, a comunidade também se mobiliza para manter outros espaços próximos, reforçando o sentimento de pertencimento.
Programa se expande para outras regiões
As ações mais recentes do Adote uma Praça no Guará preveem a recuperação de áreas antes degradadas, ocupadas irregularmente ou tomadas por mato alto. Entre as novas adoções estão duas hortas comunitárias, um parquinho e uma área pública próxima a um estabelecimento comercial, que serão mantidas por moradores e lojistas.
Base legal da iniciativa
O programa foi oficializado pelo Decreto nº 39.690, que regulamenta a Lei nº 448/1993, permitindo a adoção de praças, jardins e balões rodoviários por pessoas físicas e jurídicas. A legislação reforça a cooperação entre governo, moradores e empresas, ampliando a cidadania e incentivando o cuidado com áreas verdes.

