Com 5,3 km de extensão, pista candanga é maior que Interlagos e volta a funcionar no dia 30 com etapa da Stock Car; reforma custou R$ 60 milhões e ingressos serão gratuitos
Depois de quase 12 anos fechado, o Autódromo Internacional de Brasília volta à ativa no final deste mês. A reinauguração acontece no dia 30 de novembro, com a penúltima etapa da Stock Car 2025 e show do cantor baiano Bell Marques. O equipamento público passou por uma reforma estrutural de R$ 60 milhões, bancada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), e promete devolver à capital federal um capítulo importante de sua história com o automobilismo.
A pista candanga carrega um diferencial que poucos conhecem: com 5.384 metros de extensão, ela é maior que o Autódromo de Interlagos, em São Paulo — que tem 4.309 metros e sedia o GP do Brasil de Fórmula 1 desde 1990. A diferença chega a 1.075 metros. Também supera a já desativada pista do Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que tinha 5.035 km.
Das ruas ao asfalto oficial
O automobilismo faz parte da história de Brasília desde o primeiro dia. Na inauguração da capital, em 1960, a programação incluiu uma corrida de carros no Eixão Sul, batizada de Grande Prêmio (GP) Juscelino Kubitschek. Nos anos seguintes, a cidade recebeu competições de rua, como os famosos 500 km de Brasília, até ganhar um autódromo próprio.
O complexo foi construído no final dos anos 1960 pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) — então presidido por Cláudio Starling, com projeto do engenheiro Samuel Dias — e inaugurado em 1974.
A equipe responsável pela obra foi buscar inspiração diretamente na fonte: durante o GP da Argentina de Fórmula 1, os profissionais ouviram dirigentes do automobilismo mundial para descobrir as melhores características de um autódromo. A grande mensagem captada foi clara: traçado extenso.
Pista única no mundo
O resultado foi uma pista aos moldes internacionais — longa e de alta velocidade — com dimensões que se tornaram oficiais. Os 5.384 metros se distribuem em seis traçados diferentes, com 16 curvas (nove à direita e sete à esquerda), três retas principais, duas variantes e duas entradas de boxes.
A reta de largada tem 614 metros, a maior reta alcança 803 metros e a reta oposta mede 502 metros. A curva 1, de alta velocidade, possui 207 metros e inclinação de 5° — característica única no Brasil. A pista mantém largura generosa: 15 metros na largada e 14 metros nos demais trechos, o que garante ultrapassagens e disputas acirradas.
“Somente o Autódromo de Brasília tem uma curva com essa característica, que permite que os carros corram mais e cheguem com velocidade maior”, explica Paulo Henrique Costa, presidente do Banco de Brasília (BRB), instituição responsável pela gestão do espaço desde 2022. A concessão é válida por 30 anos.
Localização privilegiada
Além do tamanho, o autódromo brasiliense tem outros diferenciais. É um dos poucos do mundo onde é possível ter visão completa da pista a partir das arquibancadas.
A localização central também impressiona. Enquanto grandes cidades colocam seus autódromos em áreas afastadas, a capital federal mantém o complexo no centro da cidade, próximo à rede hoteleira, shoppings e ao sistema de transporte público — um luxo raro no automobilismo mundial.
Reforma respeita história
A intervenção promovida pelo GDF foi a primeira grande reforma desde a construção do autódromo. O traçado original e histórico foi respeitado, mas o espaço ganhou modernização e adequação para atender exigências atuais.
“Estamos implementando todos os elementos de segurança para homologação da FIA [Federação Internacional do Automóvel] e da FIM [Federação Internacional de Motociclismo]”, afirma Fernando Distretti, superintendente do Autódromo BRB.
O complexo agora conta com:
- 13 áreas de escape
- 10 mil metros de guard rails
- 15 mil metros quadrados de paddock
- 90 mil pneus de proteção
- 40 mil metros quadrados de caixa de brita
- 3,5 mil metros de zebra
Planos ambiciosos
O projeto prevê ainda mais de 40 boxes fixos, que serão implementados na segunda etapa, prevista para 2026. Essa fase contempla também o kartódromo e o centro médico.
A terceira fase inclui a instalação de novos empreendimentos dentro do complexo: lojas de carros e equipamentos esportivos, áreas de eventos e um Museu do Automobilismo. A obra completa deve alcançar investimento de R$ 100 milhões.
Programação de reabertura
A festa de reinauguração começa dias antes da etapa da Stock Car:
- 27 de novembro: desfile dos veículos pelas ruas da cidade
- 28 de novembro: visitação de escolas públicas ao espaço
- 29 de novembro: treino e corrida sprint
- 30 de novembro: etapa da Stock Car 2025 e show de Bell Marques
Os ingressos são gratuitos e serão disponibilizados pelo BRB. O GDF também anunciou a extensão do programa Vai de Graça — que isenta o pagamento da tarifa do transporte público — para o sábado, dia 29. A medida visa facilitar o acesso do público ao autódromo nos dois dias de evento.

