As mudanças climáticas representam uma crise de saúde pública global com impacto devastador. Segundo o relatório anual “Contagem regressiva em saúde e mudanças climáticas”, publicado pela revista The Lancet em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 546 mil pessoas morrem por ano em todo o mundo devido ao calor extremo.
O documento, divulgado nesta quinta-feira (29) na Inglaterra, destaca que apenas em 2024, outras 154 mil mortes foram causadas pela fumaça dos incêndios florestais.
O relatório apela por uma redução consistente do uso de combustíveis fósseis antes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, no Pará, a partir de 10 de novembro.
“Com os impactos das mudanças climáticas aumentando, a saúde e a vida dos 8 bilhões de habitantes do mundo estão agora em risco”, enfatizam os cientistas.
O estudo aponta que 2024 foi o ano mais quente da história, fazendo com que 12 dos 20 indicadores de risco à saúde atingissem níveis sem precedentes. Entre 2020 e 2024, a população mundial foi exposta a ondas de calor em 19 dias por ano, em média, sendo que 16 deles não teriam ocorrido sem o aquecimento global.
Dados específicos para o Brasil reforçam a gravidade da situação:
- Mortes por Fumaça: 7,7 mil mortes anuais associadas à fumaça de incêndios florestais (2020–2024).
- Mortes por Calor: 3,6 mil mortes por ano relacionadas ao calor (2012–2021).
- Ondas de Calor: A população brasileira foi exposta a 15,6 dias de onda de calor em média, sendo que 94% desses dias foram potencializados pelas mudanças climáticas.
O relatório também destaca que a proporção de terras brasileiras que sofreram pelo menos um mês de seca extrema por ano chegou a 72% no período de 2020 a 2024, um aumento de quase dez vezes em relação às décadas de 50 e 60.
Apesar dos riscos, o documento da The Lancet manifesta esperança nas negociações internacionais e aponta o Brasil como um líder potencial na agenda global de clima e saúde.
“À medida que se aproxima a COP30 em Belém, o Brasil desponta como um farol de esperança e transformação, com uma oportunidade única de liderar ações de adaptação e mitigação climática que priorizem a saúde…”, afirma o documento.
Os cientistas ressaltam que a adaptação “não é mais opcional, mas sim uma necessidade essencial e inegociável” para reduzir os riscos e enfrentar as desigualdades socioeconômicas.

