A demanda por crédito por parte das empresas cresceu 0,9% em março de 2025, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Apesar do avanço, o ritmo desacelerou em relação aos meses anteriores, sinalizando maior cautela das companhias diante do cenário de juros altos.
Os dados são do Indicador de Demanda das Empresas por Crédito, da Serasa Experian, obtidos com exclusividade pela Agência Brasil. Essa é a quarta alta consecutiva no comparativo anual, mas com tendência de moderação:
Dezembro/24: +5,1%
Janeiro/25: +11,3%
Fevereiro/25: +13,1%
Março/25: +0,9%
No acumulado de 12 meses até março, o crescimento foi de 4,2%.
Segundo Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, a desaceleração está diretamente ligada ao elevado custo do crédito. “O cenário de juros elevados impõe desafios para as empresas, que adotam uma postura mais cautelosa antes de buscar novos financiamentos”, avalia.
Apesar disso, o crédito continua sendo uma ferramenta estratégica, especialmente para micro e pequenas empresas. “Mesmo em um ambiente adverso, o crédito permite antecipar investimentos, manter o fluxo de caixa e sustentar operações em períodos de baixa receita”, acrescenta.
Desde setembro do ano passado, o Banco Central tem elevado a taxa básica de juros (Selic), que saltou de 10,5% para 14,75% ao ano até maio. A política monetária busca conter a inflação, que atingiu 5,53% no acumulado de 12 meses até abril — acima da meta oficial de 3%.
Com o encarecimento dos financiamentos, grandes empresas reduziram a demanda por crédito. Em março, companhias de médio e grande porte registraram queda de 4,8% e 4,7%, respectivamente. Já micro e pequenos empreendedores impulsionaram o índice geral, com alta de 1,1%.
“O crédito tem sido essencial para a gestão financeira dos pequenos negócios, funcionando como uma alternativa para manter obrigações e operações em dia”, destaca Abdelmalack.
O setor de serviços liderou a busca por crédito em março, com crescimento de 3,3%, seguido pela indústria (2,9%). O comércio, por outro lado, apresentou retração de 2,5%.
A pesquisa considerou uma amostra de 1,2 milhão de CNPJs em todo o país.

