Dois estudos divulgados nesta terça-feira (16) defendem que a Petrobras tem condições de liderar a transição energética no Brasil, deixando de focar em combustíveis fósseis. Os documentos, produzidos por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Observatório do Clima, sugerem um plano para que a estatal se torne referência em energia limpa, alinhando seus investimentos com as metas do Acordo de Paris.
A análise aponta que o Brasil, ao expandir a produção de petróleo, aumenta o risco de ser atingido por uma “bolha de carbono”, com a desvalorização de seus ativos caso a demanda global por combustíveis fósseis caia abruptamente. Segundo os estudos, a atual dependência da receita do petróleo expõe o país a choques econômicos devido à volatilidade e ao caráter finito do recurso.
Propostas para a mudança de rota
O estudo do Observatório do Clima sugere um conjunto de medidas para a Petrobras, entre elas:
- Ampliar os investimentos em pesquisa de biocombustíveis e hidrogênio de baixo carbono.
- Retomar a atuação em distribuição e terminais de recarga para o consumidor final.
- Priorizar energias de baixo carbono, como hidrogênio verde e combustível sustentável de aviação (SAF).
- Congelar a expansão da exploração de combustíveis fósseis em novas fronteiras, como a Foz do Amazonas, e concentrar a produção em áreas já estabelecidas, como o pré-sal.
Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, afirmou que a Petrobras precisa internalizar a crise climática “com muito mais vigor” e que seu plano de negócios deve ser mais audacioso na diversificação de atividades.
Posicionamento da Petrobras
Em resposta, a Petrobras enviou uma nota à Agência Brasil informando que seus investimentos em projetos de baixo carbono no plano 2025-2029 somam US$ 16,3 bilhões, um crescimento de 42% em relação ao plano anterior. A empresa destacou investimentos em tecnologias inovadoras, como energias eólica e solar, hidrogênio e bioprodutos, e afirmou que um fundo de US$ 1,3 bilhão será dedicado à descarbonização de suas operações.
Apesar da alta nos investimentos em transição energética, o valor ainda é muito menor do que os US$ 111 bilhões previstos no plano de negócios da estatal, destinados majoritariamente para o setor de petróleo e gás.

