A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou uma queda em agosto, fechando o mês em -0,11%. O resultado é a primeira deflação desde agosto de 2024 e a mais intensa em quase três anos, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o resultado, o acumulado de 12 meses do IPCA caiu para 5,13%, mas ainda segue acima da meta do governo, que é de até 4,5%.
Queda em habitação e alimentação
A deflação foi puxada principalmente pela redução em três grupos:
- Habitação: Recuou 0,90%, com a conta de luz caindo 4,21%, o que teve o maior impacto negativo no índice. A queda é atribuída ao Bônus de Itaipu, um desconto que beneficiou milhões de consumidores. No entanto, o IBGE já prevê que os preços da energia elétrica subirão novamente em setembro, com o fim do benefício.
- Alimentação e bebidas: O grupo teve a terceira queda consecutiva, recuando 0,46% no mês. A maior disponibilidade de produtos no mercado interno fez com que itens como tomate (-13,39%), manga (-18,40%) e arroz (-2,61%) ficassem mais baratos.
- Transportes: O grupo registrou deflação de 0,27%, influenciada pela queda nos preços de passagens aéreas (-2,44%) e combustíveis (-0,89%), principalmente a gasolina, que ficou 0,94% mais barata.
Outros grupos e o que esperar
Apesar da queda generalizada em agosto, outros grupos de preços registraram alta, como Educação (0,75%), devido a reajustes de mensalidades no ensino superior e fundamental, e Vestuário (0,72%).
O gerente da pesquisa do IBGE, Fernando Gonçalves, explicou que, sem a contribuição negativa de habitação, alimentação e transportes, o IPCA de agosto teria sido de 0,43%. A inflação oficial é a principal métrica para a política de metas de inflação do governo, que tem um alvo de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual.

