A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingiu em 2024 o nível mais alto já registrado, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (15) pela Organização das Nações Unidas (ONU). O documento, elaborado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), descreve o aumento como “sem precedentes” e pede ações urgentes para conter as emissões globais.
A OMM informou que o salto nas concentrações atingiu recordes não apenas para o CO2, mas também para metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O) — os três principais gases do efeito estufa responsáveis pelo aquecimento do planeta.
De acordo com a agência, as causas do aumento estão ligadas às emissões contínuas das atividades humanas, como queima de combustíveis fósseis e desmatamento, e à intensificação dos incêndios florestais. A redução da capacidade de absorção de carbono por florestas e oceanos também preocupa os cientistas e pode alimentar o que a ONU chama de “círculo vicioso climático”.
O ano mais quente já registrado
O relatório lembra ainda que 2024 foi o ano mais quente da história, superando o recorde de 2023. A OMM afirma que o calor retido pelos gases de efeito estufa está ampliando eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e tempestades intensas em diversas regiões do planeta.
A secretária-geral adjunta da OMM, Ko Barrett, alertou que o impacto do aquecimento vai além do meio ambiente.
Segundo ela, “reduzir as emissões é fundamental não apenas para o clima, mas também para a segurança econômica e o bem-estar da população”.
Urgência global
Os cientistas alertam que, sem cortes imediatos nas emissões, o planeta pode ultrapassar os limites críticos de aquecimento estabelecidos pelo Acordo de Paris — o tratado internacional que busca conter o aumento da temperatura global em até 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
O relatório reforça que a ação global está atrasada. Governos e empresas ainda mantêm altos níveis de poluição, enquanto as políticas de mitigação avançam em ritmo insuficiente para evitar colapsos ambientais e sociais.
O avanço contínuo das concentrações de CO2 mostra que o mundo segue em rota de colisão com o próprio clima. Cada tonelada emitida hoje será cobrada nas próximas décadas em forma de perdas econômicas, catástrofes ambientais e impactos diretos na vida cotidiana das populações.

