As operações deflagradas nesta quinta-feira (28) pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público de São Paulo são apenas a “ponta de um iceberg” no combate ao crime organizado no Brasil. A declaração foi feita pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Lewandowski explicou que as investigações revelaram a conexão entre o crime organizado, o setor financeiro e empresas de combustíveis, em um esquema de lavagem de dinheiro que utiliza fintechs e fundos financeiros. Segundo ele, as ações mostram como o crime organizado migra da ilegalidade para se infiltrar em setores da economia formal.
O ministro ressaltou a importância de uma abordagem multidisciplinar para combater esse fenômeno. Para isso, o Ministério da Justiça criou, no início do ano, um núcleo de combate ao crime organizado com foco em análises financeiras e fiscais, além da repressão policial tradicional. A participação da Receita Federal nas investigações, por exemplo, foi crucial para rastrear a origem dos recursos ilícitos.
Números da operação
As operações, chamadas de Quasar, Tanque e Carbono Oculto, resultaram no cumprimento de quase 400 mandados judiciais e na prisão de 14 pessoas. O ministro citou números impressionantes:
- R$ 140 bilhões em movimentações ilícitas descobertas.
- R$ 3,2 bilhões em bens e valores bloqueados e sequestrados.
A investigação desvendou a adulteração de combustíveis, o desvio de metanol de refinarias e um complexo esquema de lavagem de dinheiro. “Nós não tínhamos ideia da dimensão desse esquema ilícito”, admitiu Lewandowski.
O ministro destacou que o principal objetivo é a descapitalização do crime organizado, sufocando-o financeiramente. Até o momento, a investigação identificou mais de mil postos de gasolina envolvidos no esquema. Lewandowski adiantou que novos documentos apreendidos devem levar a futuras operações.

