O Dia Nacional do Professor, celebrado nesta quarta-feira (15), foi marcado por discursos de defesa da valorização e da remuneração digna dos docentes brasileiros. Em cerimônia realizada no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro, o ministro da Educação, Camilo Santana, foi categórico: “Professor tem que ser bem remunerado. No nosso país, o professor tem que ser valorizado”.
Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Santana destacou que apenas a educação é capaz de transformar a vida das pessoas, especialmente em um país com altos índices de desigualdade.
Durante o evento, o governo federal lançou oficialmente a Carteira Nacional Docente do Brasil, que oferece uma série de benefícios a professores das redes pública e privada. Cerca de 1,5 mil professores presentes receberam o documento, que garante descontos em eventos culturais (cinema, teatro e shows) e vantagens em empresas parceiras, como Ifood e Decolar.
O apelo por remuneração digna foi reforçado pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que lembrou ser professora de formação. Ela frisou que todo o tempo de trabalho docente precisa ser devidamente remunerado, citando o esforço de cada “10 minutos a mais na nossa carga horária”. A ministra também fez uma defesa do programa de cotas nas universidades.
No entanto, o cenário da valorização docente foi exposto pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Ele iniciou seu discurso sob vaias dos professores municipais presentes, que protestavam contra a falta de reajuste salarial.
O Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe-RJ) alertou que os docentes da rede municipal estão sem reajuste há 18 meses. O prefeito reverteu o clima ao anunciar que os professores teriam o salário reajustado, transformando as vaias em aplausos.
O Brasil enfrenta um cenário de remuneração desafiador para os educadores. O relatório internacional Education at a Glance, da OCDE, mostrou que, em 2024, os professores brasileiros recebem menos e trabalham mais que a média dos países-membros da organização.
- Salário: O salário médio anual dos professores nos anos finais do ensino fundamental era equivalente a R$ 128 mil, um valor 47% abaixo da média da OCDE.
- Carga Horária: Enquanto a média da OCDE é de 706 horas anuais, os professores brasileiros lecionam 800 horas por ano.
Em paralelo ao evento, o país discute o novo Plano Nacional de Educação (PNE), que definirá as metas para a próxima década. Um relatório apresentado na Câmara dos Deputados indica que, para zerar as deficiências, manter a infraestrutura e valorizar os profissionais, o Brasil precisará investir 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação.

