O Brasil corre o risco de sofrer com o desabastecimento de água até 2050, com a possibilidade de racionamento de 12 dias por ano em média nas cidades. A projeção, divulgada nesta terça-feira (28) pelo Instituto Trata Brasil, alerta para os efeitos combinados da ineficiência na distribuição e das mudanças climáticas.
Em regiões mais áridas do Nordeste e do Centro-Oeste, a restrição no fornecimento de água poderia ultrapassar 30 dias anuais.
O estudo “Demanda Futura por Água em 2050” aponta que, mantido o atual índice de perdas no sistema e um crescimento de 2,7% no PIB, a demanda por água exigirá um aumento de 59,3% na produção de água tratada até 2050.
O aumento da demanda é diretamente influenciado pelas tendências climáticas no Brasil. O estudo prevê:
- Aumento de aproximadamente 1º Celsius na temperatura máxima.
- Aumento de 0,47º Celsius na temperatura mínima.
- Redução no número de dias chuvosos e ocorrência de precipitações mais fortes.
Segundo o Trata Brasil, o aumento da temperatura somado à diminuição dos dias de chuva tende a intensificar a aridez de diversas regiões, ampliando a área do semiárido e elevando o risco de desertificação.
Para Luana Pretto, presidente executiva do Instituto, a solução para garantir o abastecimento futuro exige ações imediatas e investimento.
“As tendências climáticas indicam restrição de oferta de água de 3,4% na média do ano por escassez de recursos hídricos em nossos mananciais”, afirma Luana Pretto.
A especialista alerta para a urgência em adotar medidas efetivas para reduzir as perdas no sistema de distribuição de água e planejar a gestão sustentável dos recursos hídricos. A inércia pode causar “impactos severos na saúde e na qualidade de vida das pessoas”, especialmente nas regiões que já enfrentam escassez hídrica.

