Cartão Material de Construção vem junto com obras de saneamento de R$ 92 milhões e regularização fundiária em Santa Luzia
O governador Ibaneis Rocha entregou, neste sábado (15), 45 cartões Material de Construção — um auxílio financeiro de R$ 15 mil para construção e reforma de casas — a famílias do bairro Santa Luzia, na Estrutural. Mas não foi só isso. Na mesma cerimônia, ele assinou a ordem de serviço para a implantação de saneamento integrado no bairro, com investimento de R$ 92 milhões, e promoveu a entrega das primeiras casas com fornecimento de energia elétrica regular na área, em parceria com a Neoenergia.
A mensagem estava clara: não adianta asfaltar a rua se dentro de casa a coisa ainda está precária.
“Quando o projeto me foi apresentado, que nós conseguimos os recursos através do financiamento da Caesb, nós não sabíamos o que faríamos, porque íamos deixar a rua arrumada com água e energia, mas, dentro da casa, as pessoas ainda com dificuldades, muitas sem ter um banheiro, muitas sem ter dignidade na sua cozinha”, explicou Ibaneis.
A solução? Cadastrar todas as famílias, rua por rua, e entregar o cartão para que cada uma possa reformar a própria moradia. “E o Marcelo [Fagundes, presidente da Codhab] está encarregado, depois da infraestrutura pronta, de trabalhar para entregar a escritura de cada imóvel para que essas famílias tenham paz e sossego para criar os seus filhos”, completou o governador.
R$ 675 mil para 200 pessoas
Só nos 45 cartões entregues neste sábado, foram investidos R$ 675 mil, beneficiando cerca de 200 pessoas. Desde o lançamento do programa, 198 famílias já receberam o auxílio. Todas elas viviam em áreas de risco e, além do valor, ganharam também um lote gratuito no Residencial Tamanduá, no Recanto das Emas.
Para o presidente da Codhab, Marcelo Fagundes, o nome do programa deveria ser outro. “Gosto de pensar nele como um cartão dignidade, um cartão de transformação, porque ele vai mudar a vida dessas pessoas”, afirmou.
Fagundes lembrou que as famílias da região vivem há décadas em condições precárias e insalubres, e que agora o governo chega “trazendo asfalto, saneamento, água, energia e permitindo a reforma das moradias para que as pessoas possam viver com a dignidade que merecem”.
Para ele, o conjunto das ações representa “uma grande transformação em uma área historicamente crítica, que a partir de hoje começa a mudar a vida de milhares de pessoas”.
“A gente viveu muito tempo na precariedade”
Luzia Melo, 56 anos, cuidadora, mora há 11 anos na Estrutural e é uma das beneficiárias do cartão. Ela guarda na memória a promessa feita por Ibaneis ainda em 2018, durante a primeira campanha ao governo: Santa Luzia não seria removido, mas urbanizado.
“A gente escolheu um lugar para morar e ele disse que mudava a lei, mas não mudava o Santa Luzia de lugar”, contou.
Para Luzia, receber o cartão e ver o início da infraestrutura é como realizar um sonho aguardado há anos. “A gente viveu muito tempo na precariedade, começou a construir um tijolinho de cada vez. Agora, esse tijolo espera virar uma casa bonita, com rua asfaltada, água, luz e endereço oficial“, disse.
Ela ainda afirmou estar especialmente feliz porque, com a regularização e a chegada da energia, poderá receber correspondências em casa pela primeira vez.
Como funciona o cartão
O programa, gerido pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab), é destinado a pessoas desalojadas, desabrigadas em situação de emergência ou que estejam passando por estado de calamidade.
Entre as emergências atendidas estão incêndios, eventos climáticos e geo-hidrológicos, chuvas intensas, alagamentos, inundações, enxurradas, vendavais, deslizamentos e realocações de área de risco. Todas elas devem ser devidamente confirmadas pela Defesa Civil em colaboração com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).
Para receber o auxílio, além de estar enquadrado nessas situações emergenciais, é preciso ganhar até cinco salários mínimos e ter morado no Distrito Federal ao longo dos últimos cinco anos.
Cumpridos os requisitos, a família atendida recebe um cartão magnético emitido pelo Banco de Brasília (BRB) com o valor, que fica disponível para uso por até 90 dias.

