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sábado, 6 dezembro 2025, 03:07:10
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EUA reduzem tarifas, mas Brasil segue taxado

Publicado em:

Repórter: Fabíola Fonseca

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Alckmin celebra avanço no suco de laranja, mas cobra fim da sobretaxa de 40% que atinge só produtos brasileiros

A decisão dos Estados Unidos de reduzir tarifas de importação sobre cerca de 200 produtos alimentícios é “positiva” e representa “um passo na direção correta”, disse neste sábado (15) o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Ele, no entanto, deixou claro: a permanência da sobretaxa de 40%, aplicada exclusivamente ao Brasil, cria distorções e continua sendo um obstáculo pesado para as exportações nacionais.

“Há uma distorção que precisa ser corrigida. Todo mundo teve 10% [pontos percentuais] a menos. Só que, no caso do Brasil, que tinha 50%, ficou com 40%, que é muito alto”, declarou Alckmin, em pronunciamento no Palácio do Planalto.

Traduzindo: enquanto outros países viram suas tarifas caírem de forma mais equilibrada, o Brasil ainda carrega uma penalidade extra — herança da sobretaxa de julho deste ano — que prejudica a competitividade de produtos nacionais no mercado norte-americano.

Suco de laranja ganhou, café perdeu para o Vietnã

Entre os setores beneficiados, o destaque foi o suco de laranja, que teve a tarifa de 10% zerada — um alívio para um mercado que movimenta US$ 1,2 bilhão em exportações. “Isso é positivo. Zerou, ficou sem nenhum imposto”, comemorou o vice-presidente.

Mas nem tudo é festa. Alckmin lembrou que alguns produtos de países concorrentes saíram na frente. O café do Vietnã, por exemplo, teve redução de 20 pontos percentuais, enquanto o brasileiro caiu apenas 10 pontos. “O café também reduziu 10% [pontos percentuais], mas tem concorrente que reduziu 20%. Então esse é o empenho que tem que ser feito agora para melhorar a competitividade”, afirmou.

Em números: o Brasil exportou US$ 1,9 bilhão em café em 2024, mas as vendas recuaram 54% em outubro na comparação anual. A diferença de tratamento tarifário pesa — e muito.

A conta da sobretaxa de 40%

A declaração de Alckmin ocorreu após o governo norte-americano anunciar, na noite de sexta-feira (14), a retirada da tarifa global de 10%, conhecida como “taxa de reciprocidade”, criada em abril deste ano. Para os países latino-americanos, essa tarifa estava em 10%. Mas como a alíquota adicional de 40% aplicada em julho aos produtos brasileiros continua em vigor, tarifas sobre itens como café, carne bovina, frutas e castanhas caíram de 50% para 40%.

É um avanço, mas longe do ideal. A sobretaxa remanescente ainda coloca o Brasil em desvantagem frente a concorrentes que conseguiram reduções mais expressivas.

Diplomacia em campo

Segundo Alckmin, a medida reflete avanços diplomáticos recentes, incluindo conversas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente Donald Trump, em outubro, e reuniões entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.

“A última ordem executiva do presidente Trump foi positiva e na direção correta. Foi positiva. Vamos continuar trabalhando. A conversa do presidente Lula com Trump foi importante no sentido da negociação e, também, a conversa do chanceler Mauro Vieira com o secretário Marco Rubio”, comentou.

O vice-presidente também jogou na mesa um dado relevante: os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial bilateral, exportando mais do que compra do Brasil.

“O Brasil não é problema, é solução”, declarou Alckmin.

O impacto nos números

Com a retirada da tarifa global, aumentou de 23% para 26% o volume das exportações brasileiras para os Estados Unidos isentas de sobretaxas, o equivalente a aproximadamente US$ 10 bilhões. A mudança ocorre após meses complicados: entre agosto e outubro, o déficit brasileiro na balança comercial com os EUA cresceu 341% — reflexo direto do chamado “tarifaço”.

Os efeitos variam por setor:

  • Suco de laranja: tarifa de 10% zerada, beneficiando um setor de US$ 1,2 bilhão
  • Café: alíquota caiu de 50% para 40%; Brasil exportou US$ 1,9 bilhão em 2024, mas vendas recuaram 54% em outubro
  • Carne bovina e frutas: tarifas reduziram de 50% para 40%; ganho considerado limitado devido à sobretaxa remanescente

Trump quer conter inflação — mas não promete mais cortes

O governo norte-americano justifica a redução tarifária como parte de um esforço para conter a inflação de alimentos e equilibrar a oferta interna. Em pronunciamento, Trump disse que o ajuste foi “um pequeno recuo” e afirmou não considerar necessárias novas reduções de tarifas no curto prazo. Ele declarou ainda esperar queda nos preços de produtos como o café.

Ou seja: não dá pra contar com novos alívios tão cedo. A briga agora é para tirar a sobretaxa de 40% que ainda pesa sobre os produtos brasileiros.

Outros avanços recentes

Alckmin também lembrou progressos anteriores nas negociações comerciais. O vice-presidente citou a retirada da tarifa global de 10% e da sobretaxa de 40% sobre o ferro-níquel e a celulose, em setembro. Também destacou a redução de 50% para 40% em madeira macia e serrada e de 50% para 25% para armário, móveis e sofá, decidida no início de outubro.

No caso da madeira e dos móveis, os Estados Unidos decidiram reduzir a alíquota com base na Seção 232 da Lei de Comércio local, sob o argumento de proteger a segurança comercial do país. Nesse caso, as reduções abrangeram todo o planeta, não alterando a competitividade entre os países.

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