Com 727 km de ciclovias e meta de chegar a mil, o DF aposta na mobilidade sustentável e na integração entre transporte público e ativo
Andar de bicicleta é mais do que um hobby para o servidor público Jaime Alves Pereira, 58 anos, morador do Riacho Fundo II. É um estilo de vida. Ele pedala cerca de 150 km por semana, cruzando Park Way, Núcleo Bandeirante e Candangolândia, aproveitando as ciclovias construídas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) desde 2019.
“O melhor transporte é esse. É o único que te dá liberdade e ainda melhora a saúde. Quanto mais ciclovia, melhor”, afirma Jaime, que intensificou o uso da bike após a pandemia.
Atualmente, Brasília tem a segunda maior malha cicloviária do país, com 727 km de extensão em 32 regiões administrativas, segundo a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob). Fica atrás apenas de São Paulo, com 771,17 km, conforme a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP). O avanço é expressivo: o número representa crescimento de 55% em relação a dezembro de 2018, quando o DF contava com 466,6 km.
Programa Vai de Bike acelera expansão
O GDF quer ir além. Em 2023, lançou o programa Vai de Bike, que prevê 300 km adicionais de ciclovias, a instalação de 3 mil paraciclos e a reforma de trechos já existentes. A licitação para os novos equipamentos, publicada em fevereiro, estima investimento de R$ 2,7 milhões.
“Mobilidade ativa é vida. A meta é superar mil quilômetros de ciclovias e consolidar Brasília como referência nacional”, afirma o secretário de Mobilidade e Transporte, Zeno Gonçalves.
O secretário destaca ainda os patinetes compartilhados, a conexão entre ciclovias regionais, além de melhorias em iluminação e sinalização. “Queremos que o DF seja reconhecido como o lugar com mais acesso e integração por ciclovias”, reforça.
Obras avançam em diversas frentes
A legislação determina que toda nova obra viária inclua infraestrutura cicloviária. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) conduz intervenções que somam 40 km de novas travessias, com investimento de R$ 8 milhões.
Na EPNB, estão sendo construídos 9 km de ciclovia ligando Taguatinga à Candangolândia, passando por Riacho Fundo e Arniqueira.
Já na EPDB, os 4 km previstos estão pavimentados, com ajustes finais de acessibilidade e sinalização, segundo o engenheiro Jarbas Silva.
Outra frente é a Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), onde a Secretaria de Obras (SODF) investe R$ 160 milhões para criar 7,5 km de ciclovia integrados ao BRT Sul.
“Estamos conectando transporte coletivo e ativo para melhorar a mobilidade urbana”, explica o engenheiro Bruno Almeida. Obras também avançam na ligação Guará–Bandeirante e na Superquadra Park Sul.
Integração com transporte público
Para incentivar o uso combinado de modais, o GDF implantou sistemas de bicicletas e patinetes compartilhados, disponíveis por aplicativo desde 2021. A rede se conecta ao programa Vai de Graça, que oferece transporte gratuito em ônibus e metrô aos domingos e feriados, e à renovação da frota, com 2.831 novos veículos.
O sistema de Transporte de Vizinhança, conhecido como Zebrinha, também foi expandido e já atende 13 regiões administrativas, entre elas Ceilândia, Paranoá, Sudoeste, Vicente Pires e Park Way.
Com o crescimento da infraestrutura e o engajamento da população, Brasília pedala firme rumo ao topo do ranking nacional de mobilidade sustentável — e, se depender de ciclistas como Jaime, não vai parar tão cedo.

