O Distrito Federal se consolida como referência nacional no atendimento a vítimas de violência sexual, familiar e doméstica. Com uma das maiores coberturas do país, o DF conta com 17 Centros de Especialidades para Atenção às Pessoas em Situação de Violência (Cepav), que funcionam como espaços acolhedores e especializados. Desde sua criação em 2019, as unidades realizaram mais de 74 mil atendimentos.
A política pública, implementada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), vai além do socorro imediato, focando na recuperação integral e na reintegração social das vítimas. “Nós temos um cuidado qualificado e humanizado. Temos uma linha de cuidado, e não há nada dessa dimensão em outros estados”, destaca Elizabeth Maulaz, coordenadora da Rede de Atenção às Pessoas em Situação de Violência (RAV).
Serviço multidisciplinar e estratégico
Os Cepavs, que integram a Rede Flores da Secretaria de Saúde, são a porta de entrada para vítimas de todas as idades. As equipes, formadas por enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, oferecem tratamento para transtornos decorrentes da violência, como o estresse pós-traumático. “Somos um serviço dedicado exclusivamente a vítimas de violência”, explica a chefe do Núcleo de Prevenção e Assistência a Situações de Violência (Nupav) da Região de Saúde Norte, Claudiana Jacobino Lima Sesana.
O acesso aos centros pode ser feito por procura direta, por encaminhamento de órgãos como conselhos tutelares e delegacias especializadas, ou por busca ativa das equipes. Esse monitoramento constante permite à Secretaria de Saúde dimensionar a realidade e planejar ações de prevenção. Um estudo recente revelou que, entre 2014 e 2023, foram registradas mais de 62 mil notificações de violência no DF.
Acolhimento que transforma vidas
O apoio oferecido nos Cepavs é crucial para a recuperação das vítimas. O tratamento pode ser individual ou em grupo, e as sessões ajudam a construir o fortalecimento emocional. Luciana (nome fictício), que buscou ajuda após sofrer violência doméstica, relata que o acompanhamento foi fundamental para “ganhar força para recomeçar”.
“Eles foram muito eficazes na minha vida. Às vezes, as pessoas têm medo de procurar ajuda, mas eu aconselho que procurem”, diz ela, reforçando a importância de não se calar diante da violência.
Em agosto, mês de combate à violência contra a mulher, a Secretaria de Saúde intensifica a capacitação de profissionais e reforça as campanhas para chamar a atenção para o tema. “É fundamental que essas campanhas ocorram o ano inteiro”, finaliza Claudiana.

