O Ministério das Relações Exteriores (MRE) classificou nesta terça-feira (26) como “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis” as declarações do ex-chanceler e atual ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “antissemita declarado” e “apoiador do Hamas”.
Em nota, o Itamaraty afirmou que o governo brasileiro espera que Katz “assuma responsabilidade e apure a verdade” sobre ataques israelenses contra civis em Gaza, incluindo o bombardeio ao hospital Nasser, em Khan Younis, que matou pelo menos 20 pessoas, entre elas jornalistas e trabalhadores humanitários. O ministério destacou que Israel está sob investigação da Corte Internacional de Justiça por suspeita de genocídio contra palestinos.
O governo brasileiro lembrou que, desde o ataque surpresa do Hamas em outubro de 2023, Israel vem promovendo bombardeios e cerco total à Faixa de Gaza, causando milhares de mortes de civis. Lula reforçou que crianças palestinas estão sendo mortas e passando fome como parte de um genocídio.
O episódio também está relacionado a uma recente tensão diplomática: o Brasil retirou seu embaixador de Israel em fevereiro de 2024, após declarar que as mortes de civis em Gaza configuram genocídio, e não concedeu agrément ao novo diplomata indicado por Tel Aviv.
Além disso, Katz criticou a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), associando o país a regimes que negam o Holocausto. O governo brasileiro justificou a decisão como parte da ação judicial contra Israel na Corte Internacional de Justiça e reafirmou que sua postura é em defesa dos direitos humanos e da soberania internacional.
O presidente Lula também aproveitou a reunião ministerial para defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de países do Sul Global como membros plenos, reforçando o compromisso brasileiro com diplomacia multilateral e proteção de civis.

