O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou nesta terça-feira (9) que anotações feitas à mão e documentos com “pensamentos” sobre urnas eletrônicas são as primeiras evidências de uma tentativa de golpe de Estado em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Moraes, essas provas vão além de meras cogitações e demonstram a existência de uma trama criminosa.
Ao iniciar seu voto, Moraes refutou o argumento de algumas defesas de que as provas seriam apenas ideias. Ele mostrou imagens da agenda do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e réu na ação, com anotações sobre como deslegitimar o processo eleitoral.
Unidade de desígnios e monitoramento ilegal
Moraes também mencionou documentos encontrados no celular de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que continham informações falsas sobre as urnas eletrônicas. O ministro destacou a coincidência entre as anotações de Heleno e o material de Ramagem, que datam de 2021.
Para o relator, essas coincidências demonstram que já existia uma “unidade de desígnios” entre os membros do grupo. A Abin, inclusive, teria sido usada como uma “central de contrainteligência” para o golpe, com a produção de relatórios e o monitoramento ilegal de adversários políticos e até mesmo de quatro ministros do STF.
Julgamento em andamento
A Primeira Turma do STF retomou o julgamento que pode condenar Bolsonaro e outros sete aliados por uma trama golpista. O grupo é formado por nomes importantes do governo anterior, como os ex-ministros Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
O julgamento, que começou na semana passada, entrou na fase de votação nesta terça-feira. Além de Moraes, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin também votarão até o final da semana. Os réus respondem por crimes como organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

