A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. A decisão da PF é resultado de uma investigação sobre a suposta atuação de Eduardo junto ao governo dos Estados Unidos para retaliar o governo brasileiro e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A apuração indica que Eduardo Bolsonaro teria buscado sanções americanas contra autoridades brasileiras, como as aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes via Lei Magnitsky e o aumento de tarifas sobre produtos do Brasil. As ações de retaliação de Washington, que incluem uma investigação comercial sobre o Pix, são justificadas por integrantes do governo Donald Trump como uma reação a uma suposta “caça às bruxas” contra Bolsonaro no Brasil.
Processo de cassação e julgamento do golpe
A investigação contra os Bolsonaro começou em maio, após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitar a abertura de inquérito ao STF. Segundo a PF, o ex-presidente é investigado por financiar, via Pix, a estadia do filho nos EUA.
Além do indiciamento, Eduardo Bolsonaro enfrenta um pedido de cassação de seu mandato, enviado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), à Comissão de Ética da Casa. O deputado tirou licença de 122 dias em março e se mudou para os Estados Unidos, alegando perseguição política.
O ex-presidente Bolsonaro também é réu em outra ação penal, a da trama golpista, com julgamento marcado para 2 de setembro no STF. Ele e mais sete aliados — incluindo Alexandre Ramagem, Anderson Torres e Braga Netto — são acusados de organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado e dano ao patrimônio público.

