O desembarque do último grupo de participantes do Pontes para o Mundo, no Aeroporto Internacional de Brasília, marcou mais do que o fim de uma viagem: simbolizou um começo. Foram cerca de 17 semanas de imersão no Reino Unido que transformaram, por dentro, os 27 estudantes e os dois servidores da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) que integraram a etapa final da primeira edição do programa de intercâmbio internacional do Governo do Distrito Federal (GDF).
A cena era de abraço forte, choro contido e sorriso largo. O governador Ibaneis Rocha resumiu o clima logo no primeiro minuto: “Eu tô aqui quase em lágrimas”. Disse isso enquanto observava famílias reencontrando os filhos, muitos deles deixando o país pela primeira vez. Para ele, é essa reação emocionada que reforça o valor de políticas públicas capazes de mudar biografias. “É uma coisa que nos inspira a continuar com programas importantes como esse, que dão oportunidade desses adolescentes conhecerem o mundo e viverem experiências que vão engrandecê-los pelo resto da vida”, afirmou.
O chefe do Executivo defendeu que a iniciativa siga firme nos próximos anos, independentemente de quem assumir o governo. Segundo ele, o impacto educacional e humano da proposta já justifica sua continuidade. Estão garantidas 400 vagas para 2026, com expansão para outros países e a intenção declarada de transformar o Pontes para o Mundo em política permanente.
A idealizadora e madrinha do programa, a primeira-dama Mayara Noronha Rocha, destacou o caráter estratégico da experiência. “Hoje em dia não é luxo; é necessidade. É esse tipo de programa que prepara nossos estudantes para dialogar com profissionais do mundo inteiro. Saímos do nosso quadradinho e trazemos de volta conhecimento, tecnologia e possibilidades”, avaliou.
Vivência internacional que amplia horizonte
Nesta primeira edição, 101 estudantes viajaram para instituições de ensino em países de língua inglesa — Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte. O programa não se limitou às salas de aula: uniu aprendizado formal a visitas culturais, atividades técnicas e experiências de convivência que estimularam autonomia, adaptação e domínio do inglês.
A estrutura oferecida foi completa. O GDF garantiu transporte, alimentação, hospedagem e suporte socioemocional durante toda a estadia. Muitos jovens deixaram o Brasil com receios comuns a quem viaja pela primeira vez, e voltaram com uma confiança que, segundo os próprios estudantes, não cabe na bagagem.
A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, afirmou que o impacto é visível. “Os meninos que estão desembarcando hoje não são os mesmos que embarcaram em setembro. Voltaram independentes, mais seguros e apaixonados pela língua inglesa. Estão fluentes, falando muito bem. E agora têm uma perspectiva maior de onde podem atuar e crescer.”
Histórias que mudam o rumo da vida
Para Felipe Berg, 16 anos, estudante do CED 6 de Ceilândia e morador do Pôr do Sol, a experiência em Chester, na Inglaterra, foi um divisor de águas. Ele estudava russo, não inglês. Mas a vivência internacional virou chave. “Essa experiência já está mudando minha vida. Acho que vai abrir portas para bolsas em universidades internacionais”, comemorou.
A mãe, Ivonildes Botelho, 47, disse que o programa realizou um sonho que ela mesma não teria condições financeiras de viabilizar. Chorou, sorriu, agradeceu. “Ele não é mais o mesmo. Voltou mais maduro. Esse projeto abriu asas para ele voar. Foi um presente de Deus.”
O mesmo entusiasmo veio de Hugo Gaudino, 17 anos, estudante do CEM Elefante Branco, que passou o período em Warwickshire, na Inglaterra. “Mudou a minha vida inteira. Foi uma experiência muito boa. Ainda tô muito feliz e grato”, contou.
A mãe, Giselda da Silva, reforçou que preparou o filho para viver o mundo com autonomia. “Eu treinei o Hugo para ser livre. Ele viveu experiências novas, fez amizades com adolescentes internacionais e já está com planos de voltar. Quero que ele voe”, disse.
Entre malas abertas no saguão e relatos atropelados pela emoção, a impressão geral é a de que o Pontes para o Mundo não ofereceu apenas uma viagem — ofereceu perspectiva. Os jovens voltaram diferentes porque foram tratados como protagonistas de suas trajetórias. E, ao que tudo indica, esse é só o início de uma jornada que promete atravessar outras fronteiras.

